YouTube Vibes: quando o consumo se torna entretenimento

Consumir não é apenas ter ou comprar alguma coisa. É também uma forma de explorar identidades, de revelar quem desejamos ser, de aspiração. No entanto, no atual cenário econômico, rotinas de compra não são a realidade para a maior parte dos brasileiros. Devido à inflação, cerca de 90% das profissões do país registraram uma queda no poder de compra desde 2021.1

E quando a conta bancária não permite, o mundo digital pode contribuir para criar novas rotas e explorar recursos associados ao consumo. Quem nunca sentiu o prazer de abrir um pacote e experimentar um produto pela primeira vez? Os vídeos de unboxing podem tanto estimular quanto aliviar os impulsos de compra do espectador.2 Ver alguém pegando um produto, testando, fazendo reviews e até se emocionando com aquela aquisição aguça, mas também sacia o desejo.

Carrinho de compras. Vídeo assistido. 78% dos entrevistados gostam de assistir a vídeos relacionados a compras, mesmo sem a intenção de comprar.

Tanto os conteúdos de unboxing quanto avaliações de produtos e similares têm muitas visualizações e engajamento porque eles reativam a lembrança afetiva de realizar um desejo de compra. Esses vídeos permitem acesso à experiência de outra forma, e ainda geram entretenimento. Nesse sentido, o YouTube oferece um extenso cardápio para quem quer e gosta de vivenciar esses momentos.

Moedas. Sinal de dinheiro. Play do YouTube. 84% considera que vídeos de consumo também são uma forma de entretenimento.

Para compreender a era do “Consumo Espetáculo”, o time de Cultura e Tendências do YouTube trabalhou com a float em um estudo sobre essa forma de usar a plataforma. O resultado está no YouTube Vibes, relatório trimestral que, em sua quinta edição, mostra a relação dos consumidores brasileiros com vídeos de consumo.

Ato de comprar como espetáculo

Quando o consumo é o foco do conteúdo e comprar se torna um entretenimento, há um impacto direto dos criadores que admiramos em nossas decisões de compra. Ao mesmo tempo, conseguimos conhecer universos e realidades de luxo que talvez não seriam acessíveis de outra maneira. E essa possibilidade pode escalar até para um futuro “metavérsico” no qual compras imateriais são tão interessantes e desejáveis quanto os bens físicos.

Seguem, abaixo, três grandes “vibes” que mostram o que há de mais curioso nesse universo espetacular do consumo, e o que tem sido mais procurado pelos usuários nessa tendência.

Vibe 1: Desejo guiado

Identificação com criadores impacta compras futuras

Lâmpada. Vídeo assistido. 61% enxergam o YouTube como a plataforma que mais esclarece como uma compra pode ser melhor aproveitada na vida prática.

Ainda que as pessoas sejam impactadas todos os dias por diversas ofertas, com as contas difíceis de fechar é necessário garantir que cada aquisição valha mesmo a pena. Por isso, criadores de conteúdos que apresentam os produtos com dicas, críticas e referências, e são criativos e autorais, se destacam. Nas buscas por vídeos dessa categoria, o que se procura são inspirações para compras futuras e maneiras de aproveitar melhor um item que já se tem.

Este movimento acontece porque há uma relação de confiança com os criadores presentes no YouTube. Você se identifica por causa de características físicas e sociais, personalidade, gosto, estilo, ou até mesmo origem. A partir disso, projeta o desejo no outro, ou até mesmo o desejo do outro se torna o seu próprio. Por este motivo, não é de se espantar que 62% das pessoas entrevistadas na pesquisa têm um youtuber/criador em quem confia recomendações de marcas e produtos.3

Nos conteúdos do canal odCASA, por exemplo, a criadora Nat Ingraci fala sobre organização, funcionalidade e decoração do lar, recomendando produtos e eletrodomésticos com ótimo custo/benefício e praticidade, o que o torna popular para quem procura por coisas boas e baratas nesse universo de casa.

Vibe 2: Vitrine de milhões

Os vídeos aproximam o espectador de um mundo distante

Caixa de presente ao lado de um símbolo de play. 64% disseram que assistem a vídeos que apresentam produtos de edições limitadas e exclusivas para matar a curiosidade sobre os mesmos.

Outro ponto de interesse que está quase sempre distante da realidade da maioria das pessoas são os artigos de luxo. Para 75% dos entrevistados, viver com luxo não deveria ser algo restrito a apenas uma pequena parcela da população.4 Sabemos, no entanto, que no mundo real — e ainda mais pela desigualdade econômica que o Brasil vive — a realidade é completamente oposta.

Assim, uma possibilidade de acessar esse universo bem particular é pelos vídeos, que acabam se transformando em um novo formato de vitrines. Além de unboxing de produtos luxuosos, nessa categoria também é possível acompanhar vlogs de viagens internacionais e tours por mansões, que simulam para os espectadores essa vivência com mais detalhes. Este tipo de conteúdo, em que se apresentam compras caras, ligadas a um estilo de vida aspiracional, “empresta” uma sensação de pertencimento a 69% dos entrevistados.5

Nessa vibe podemos citar o canal Sabe Tudo, que tem mais de 1 milhão de inscritos e apresenta curiosidades sobre a vida luxuosa de celebridades brasileiras e internacionais.

Vibe 3: Vaidades virtuais

Universo de games e as compras virtuais

YouTube Vibes: quando o consumo se torna entretenimento-6

Quem já está familiarizado com a influência do digital e virtual na hora de comprar são os espectadores do mundo dos games. Para muitos, itens e eventos completamente digitais são como sonho de consumo. A desenvolvedora de jogos Epic Games, inclusive, fatura mais de um bilhão de dólares por ano em receita dentro do jogo somente com a venda de skins, que são visuais alternativos para customizar os personagens.6

Nos últimos anos, as ativações que buscavam reduzir a distância entre o mundo físico e o digital foram aceleradas, e a indústria da moda fez parte disso. A Gucci, por exemplo, marcou presença em universos digitais como The Sandbox e Roblox, lançou coleções no Genies, The Sims 4 e Pokémon Go, criou NFTs e recentemente passou a aceitar criptomoedas para pagamento de seus produtos. E ela não é e nem será a única, pois 56% acreditam que a moda virtual logo terá tanta importância quanto a moda real.7

O que percebemos é que essa é uma possibilidade de consumo que está se estabelecendo, e tem cada vez mais compras reais em universos virtuais. E com a perspectiva da Web 3, esse movimento vai expandir para além do público geek.

Um exemplo dessa mistura de moda, compras virtuais e games é o canal da Anna Gamer. Ela faz a cobertura do Metaverso Fashion Week e é uma das pioneiras em apresentar o metaverso Descentraland para os brasileiros no YouTube.

Navegue em mais informações

Entender a performance dos vídeos e o impacto que eles têm em potenciais consumidores pode ajudar a compreender melhor o que as pessoas estão procurando nas marcas, produtos e criadores de conteúdo. Esses vídeos já fazem parte da jornada do consumidor, e o YouTube com certeza é o lugar para navegar nessas produções.

O YouTube Vibes é um relatório trimestral que se aprofunda em questões relacionadas aos vídeos online e à cultura em torno desse universo. Neste report, trazemos uma investigação qualitativa e quantitativa do time do YouTube Brasil em parceria com a float. Foram feitas mil entrevistas online com brasileiros de 18 a 64 anos e um grupo focal aprofundado com residentes das cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Salvador, Manaus e Porto Alegre.

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