Há 20 anos, quando me formei em Análise de Sistemas, buscava na área da tecnologia mais que um emprego. Estava em busca de uma carreira. E agora, mais do que nunca, precisamos falar sobre como a tecnologia tem – e cada vez mais terá – impacto no mercado de trabalho. Isso porque sabemos que as mulheres foram as mais afetadas durante a pandemia, e o setor é um potencial motor de mudança e desenvolvimento social.
Para se ter uma ideia: mais da metade dos usuários de internet no Brasil são mulheres.1 Então por que não temos mais pessoas do gênero feminino pensando em soluções tecnológicas e trabalhando na área? A pesquisa latinoamericana Women in Technology, da Michael Page, procurou respostas para a pergunta ao ouvir profissionais C-level (presidentes, VP’s, Diretores e Gerentes Gerais) que trabalham em empresas de tecnologia, serviços financeiros, varejo, engenharia e manufatura.
Além desses dados, sabemos que a disparidade entre os gêneros começa antes, ainda na escolha da graduação. E essa realidade, infelizmente, não mudou muito nos últimos anos: ainda que 60% dos formandos no ensino superior brasileiro sejam mulheres, apenas 23,9% delas se formam em cursos de engenharia2.
Em paralelo à minha experiência, a pesquisa Women in Tech identifica que a falta de modelos femininos na área desestimula a participação das mulheres no setor, assim como há menos oportunidades para elas.
A autoexigência de mulheres na hora de se candidatar para vagas também impede que muitas aceitem desafios: elas tentam 20% menos vagas que os homens porque entendem que precisam cumprir 100% dos requisitos solicitados. Por outro lado, homens se candidatam a vagas cumprindo apenas 60% dos requisitos3.
Marcas, empresas e suas lideranças devem ser sempre relembradas de que equipes diversas geram soluções diversas – o que tem grande potencial de oferecer mais rentabilidade para as empresas. Por isso, incentivar a candidatura de mulheres na área de tecnologia, assim como oferecer oportunidades de crescimento e liderança, é um compromisso que pode gerar benefícios para ambos os lados.
O que estamos fazendo para mudar esse cenário?
Aqui no Google, olhar para os números é fundamental. Nossas decisões são sempre amparadas por dados. Por exemplo, 80% das líderes do marketing da América Latina são mulheres. E estamos sempre procurando aprender mais sobre diversidade e as diferentes interseccionalidades:
Nosso compromisso em promover um ambiente de trabalho mais diverso e inclusivo vale para o universo dentro da companhia, mas também ganha desdobramentos externos com iniciativas como o Cresça com o Google, um dos nossos programas de capacitação profissional gratuita. No Brasil, treinamos mais de 1,6 milhões de pessoas e, desde 2017, disponibilizamos treinamentos especialmente para mulheres.
Neste ano, inclusive, o programa ganhou uma nova etapa: abordando os desafios das mulheres no cenário de tecnologia, apontando as oportunidades no mercado de trabalho, destacando como aplicar suas habilidades na prática e incentivando as mulheres a considerar a carreira na área como uma possibilidade real. Assista aos 7 vídeos com treinamentos que estão disponíveis na página do Cresça com o Google Para Mulheres na Tecnologia.
Também incentivamos jovens mulheres a seguir carreira no mundo da programação com o Change the Game, projeto que chegou à sua 2a edição neste ano com o patrocínio do desenvolvimento de diversos games educativos. Em apenas 3 semanas da abertura do projeto, cerca de 60 escolas públicas e privadas inscreveram seus alunos para o programa. As inscrições, aliás, seguem abertas até o dia 31 de agosto.
Destaco também uma ação desenvolvida no YouTube México: como parte do compromisso do Google com o programa HeforShe da ONU, lançamos “Mi Propio Reto” (“Meu desafio”, em espanhol), que levou 8 criadoras, por 8 dias, a falar sobre seus desafios para aumentar a autoestima e a autoconfiança como forma de alertar para a violência de gênero no país. Os vídeos alcançaram mais de 1,4 milhões de visualizações e nós lançamos o primeiro manual contra mensagens de ódio e assédio na região.
Por mais intenção no incentivo
A realidade retratada pela pesquisa Women in Tech deixa claro que temos muito para transformar ainda. As ações do Google têm sido uma aposta nessa mudança. Faz bem para os negócios, faz bem para a sociedade e, claro, é a coisa certa a se fazer.
E sabemos que deve haver um trabalho contínuo para essa mudança. Um esforço capaz de gerar locais de trabalho mais inclusivos quando falamos de gênero, mas também quando falamos de raça, orientação sexual ou pessoas com deficiência. Por isso mesmo, acho importante mencionar que, sem a intenção dos líderes em ampliar a representatividade no mercado de trabalho, não avançaremos.
E como fazer isso? No caso específico de gênero, podemos incentivar mais mulheres a seguir carreiras nos cursos das áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática; oferecer mais espaço nas contratações; e dar oportunidades de desenvolvimento e crescimento profissional para elas.
Duas décadas depois da minha graduação, posso dizer que ter apostado no curso de Análise de Sistemas foi uma decisão acertada para desenvolver uma carreira – assim como para as seis outras mulheres que se formaram comigo e, até hoje, trabalham no setor. Agora, a ideia é fazer esse número se multiplicar exponencialmente. Conto com vocês nessa missão.
Acesse a pesquisa completa Women in Technology – O que as organizações estão fazendo para quebrar as barreiras aqui.